Capítulo 1 - Sejam Bem-vindos!
Era uma manhã cheia de sol, que mostrava o início da Primavera e o renascer da vida. A vida de uma rapariga, aparentemente normal, decorria na perfeição, estava de fim de semana e tinha acabado de acordar. Então decide ir ver o correio e quando chega à porta de casa depara-se com uma carta diferente de todas as outras. Quando pega nela, e vira-a para ver a quem se destinava, vê que era para si e apressa-se a abri-la.
Menina Angie Evelyn,
Venho por este meio comunicar que foi escolhida para ingressar, como estudante, na escola Saint Van Helsing Academy, criada para pessoas especiais, pessoas como você. Esperamo-la amanhã. Venha até à estação de comboios e quando lhe perguntarem para quer ir diga “Para lado nenhum”.
Cumprimentos do Diretor.
Angie, uma rapariga alta, morena e com um cabelo castanho-escuro liso, focava os olhos castanhos na carta relendo-a várias vezes. Estando um pouco incrédula não sabia se havia de acreditar naquilo ou não, muito menos se deveria contar aos seus pais sobre a carta. Após uns segundos parada, Angie vai fazendo outras coisas, acabando por se esquecer da carta. Porém ela não tinha sido a única a receber uma carta como aquela, outros jovens também receberam aquela carta, uns decidiram-se logo, outros ainda pensavam sobre o que haviam de pensar daquela situação.
Um dos casos era um rapaz, que morava em todo o lugar, e em lugar incerto. Após ler o que a carta dizia, decidiu logo que ia para a tal escola. O que o intrigava era como é que a carta tinha chegado até ele.
Quando os pais de Angie chegaram, disseram que ela amanhã teria de ir visitar um parente afastado e que tinha que fazer as malas, a rapariga contrariada, lá foi fazer as malas e preparar-se para a sua viagem. O dia dela e de todos os jovens foi passando, até que chegou-se a domingo e os pais de Angie foram levá-la à estação dos comboios. O previsto era ficarem lá com ela, mas o pai recebeu um telefone que os obrigou a ausentar-se mais cedo do que o pretendido. Após se despedirem os pais de Angie entram no sei carro azul e vão se embora. Angie senta-se num canto à espera do seu comboio. Passados uns momentos, um sujeito com um aspeto estranho aproxima-se da rapariga, esta sente-se incomodada, mas tenta não o demonstrar, optando por ignorar a sua presença. O homem fixa o seu olhar nela, tornando a sua presença ainda mais incomodativa. Angie farta daquela situação, enche-se de coragem e pergunta ao senhor.
- Desculpe, mas posso saber o porquê de estar a olhar assim para mim?
- Tenho curiosidade quanto ao teu destino. – Responde o homem – Não achas engraçado tentares adivinhar para onde as pessoas vão?
- Sinceramente não. – Responde a rapariga com indiferença – E vou para lado nenhum.
- Sendo assim faz-me o favor de seguir-me. Levar-te-ei até ao comboio que vai para lá.
A jovem que catorze anos instintivamente seguem o homem sem saber o porquê de o estar a seguir. O homem leva-a até um comboio vermelho, mas velho, como provavam as amostras de ferrugem que tinha em alguns sítios. Após entrar, encontra mais jovens lá dentro, todos por volta da mesma idade. Estranhando aquele ambiente a rapariga procura rapidamente um lugar para se sentar, acabando por se sentar no primeiro que encontra, ficando ao lado de uma jovem alta, com cabelo ruivo a fugir para o loiro. Era uma rapariga muito bonita, no entanto vestia-se como se fosse um rapaz. Quando dá por si, Angie vê a rapariga a olhar para ela com um ar curioso, como uma cientista olha para uma coisa desconhecida.
-Olá! Chamo-me Akira. E tu? – Pergunta a ruiva.
-Chamo-me Angie, Angie Envelyn. – responde.
-Tens um nome giro. – Comenta Akira – Também recebeste uma carta foi?
- Sim. Mas como sabes da carta? – Pergunta Angie bastante intrigada.
-Eu também recebi uma, fiquei tão contente que decidi logo que vinha.
-Eu vim aqui sem saber porquê. Na verdade não liguei nenhuma à carta. Vim parar aqui por engano.
-E parece-me que já não vais a tempo de emendar esse engano, parece que vamos partir.
Nesse momento o comboio apita, avisando que se preparavam para partir. Sendo impressionante como é que um comboio tão velho ainda conseguida andar, lá vai o veículo arrancando, dando início à sua viagem e à jornada de um grupo de jovens.
Depois de uma hora e meia de viagem, finalmente a viagem termina. Os jovens vão saindo do comboio. Um rapaz alto com cabelo e olhos castanhos, aproxima-se, a medo, de um homem ali perto.
-Desculpe incomodar. – Diz o rapaz fechando os olhos de seguida, mas abrindo-os lentamente – Onde é que estamos?
-Estão na Saint Van Helsing Academy. – Responde o senhor de forma muito simpática.
-Mas eu não trouxe nada. Tenho que voltar para ir buscar alguma coisa. – Explica o rapaz começando já a stressar.
-Não te preocupes. – Diz o senhor soltando uma risada – Aqueles que não trouxeram nada receberam ainda até hoje à noite os vossos pertences. Isto também serve para aqueles que precisam de mais coisas. Afinal vocês vão passar aqui o resto da vossa vida.
Assim que diz isto, todos os jovens que estavam lá param, viram lentamente as suas cabeças em direção ao homem com uma cara que misturava choque com medo.
-Estou a brincar! – Risse novamente o homem - Levam as coisas tão a sério. Agora peço-vos que sigam as placas dirigindo-se À cerimónia de receção dos alunos. As malas serão levadas para os vossos quartos pelos funcionários.
Os alunos sem reclamarem vão fazendo o que lhe foi pedido. Angie e Akira como já tinham viajado juntas, também foram juntas até um salão enorme. Com uma decoração gótica, mas não tão virada para a religião e frieza. Como se houvesse uma invasão de outras tendências arquitetónicas como o Barroco. Akira e Angie tentam sentar-se à entrada da sala, mas um orientador encaminhou-as para frente, o local dos caloiros.
Dos vários jovens que seguiam no comboio oito, por sua vez caloiros, sentam-se na mesma fila. Como ainda não tinha chegado ninguém, pequenas conversas iam surgindo, principalmente nas filas dos caloiros, que tentavam se conhecer.
-Olá sou a Angie e esta é a Akira. – Mete conversa com a rapariga que estava à sua esquerda.
-O-Olá, eu sou a Kiki. Prazer em conhecer-vos.
-Não pareces muito entusiasmada. – Comenta Akira.
-É que e se isto não for uma escola? E se for um centro de tortura? Ou se nos forem raptar? Se nos fizerem mal e nunca mais virmos os nossos entes queridos?
-Achas mesmo que isso vai acontecer? – Interroga-se Angie colocando um dedo no lábio, mostrando-se pensativa.
-Eu duvido. – Ri-se Akira.
-Olá, sou a Akira, prazer – diz à sua colega da direita.
-Mishi e não posso dizer o mesmo. – Responde a rapariga com um ar carrancudo e arrogante. Perante aquela reação Akira e Angie ficam perplexas.
Aí começam a trocar olhares entre elas e a Kiki, quando de repente algo lhes chama à atenção. No meio dos rapazes que estavam na sua fila, encontrava-se uma rapariga que fazia uma enorme festa. Já os rapazes estavam calados, nem uns com os outros falavam.
-Animem-se pessoal! – Dizia a rapariga enquanto agarrava o rapaz alto e de cabelo castanho que tinha falado com o senhor lá fora – Shine já viste as aventuras que vamos ter estes anos? – Dizia enquanto com a mão livre ia mexendo-a como que dirigindo-se a algo concreto.
-Hinata larga-me por favor! – Implorava o rapaz que começava a ser esganado sem que a rapariga se apercebesse.
Então um sujeito alto com uma capa com capuz que lhe cobria as vestes e o rosto entra pelo enorme salão dentro. Assim que se dão pela sua presença todos começam a calar-se. O sujeito sobre as escadas e coloca-se lá parado, mesmo ao lado do local onde se fazem os discursos. Todos olham-se e interrogam-se do porquê de ele não começar o discurso. Até que se houve as portas a abrirem-se de novo. Desta vez houve passos rápidos quase como se alguém estivesse a correr.
-Desculpem o atra – Antes que pudesse terminar o que ia dizer, um rapaz jovem tropeça, cai e bate com a cara mesmo no chão. Num sobressalto o homem com o rosto tapado, descobre-se revelando outro homem por volta dos trinta anos com barba cumprida assim como o seu cabelo castanho, dirigindo-se ao jovem caído.
-Diretor está bem? – Diz o homem levantando o jovem e acompanhando-o no resto do caminho até ao sítio do discurso.
-Sim estou. Obrigado por me acompanhares até aqui Elker. – Agradece o jovem virando-se de seguida para os alunos – Sejam bem-vindos, eu sou o vosso diretor e esta é a Saint Van Helsing Academy. Decerto que muitos perguntam-se o que estão aqui a fazer. Tal como vós, eu e todos os outros nesta escola também possuímos poderes. – Assim que diz isto todos os caloiros começam a olhar-se surpresos, desconheciam a existência de outros como eles – Esta escola servirá para vos treinar e ensinar a usar os vossos poderes, pois muitos de vós não sabem como os usar, o que é normal, ainda são meras crianças.
Ao dizer isto sem qualquer intenção de ofender provoca algum desconforto entre os caloiros. Mishi, revoltada, levanta-se e aponta o dedo ao diretor.
-Como é que ele pode ser diretor! Ele também não passa de uma criança. A quem é que ele está a chamar criança.
-Cara aluna, peço-lhe que se acalme e sente-se. – Diz o diretor sem perder a postura – Não tive qualquer intenção de ofender ninguém. Se quiser depois da cerimónia pode testar-me e ver se posso ou não ser diretor. Confrontando os nossos poderes claro. – Propõe o Diretor com um sorriso nos lábios – Continuando, como sabem nós não nos podemos afirmar como humanos, nem mesmo eles nos chegam a considerar como tal. Para alguns somos Anjos, deuses, super-heróis e para outros somos monstros, aberrações, demónios, enfim somos tudo e mais alguma coisa. Nós somos o que nós quisermos ser. E para vos ajudar com isso a nossa escola irá acompanhar-vos no vosso crescimento. Eu continuaria aqui a discursar, mas não tenho jeito para isso, então dou por encerrada a cerimónia. – Diz coçando a cabeça com a mão direita. – Para saberem o vosso quarto dirijam-se aos orientadores que estão à porta deem o vosso nome e eles dir-vos-ão o vosso quarto. Agora passemos ao desafio entre mim e a caloira.
O Diretor faz sinal a Mishi para que esta venha até ao palco, a rapariga muito segura de si vai sem querer dar o braço a torcer.
-Como te chamas?
-Chamo-me Mishi.
-Podes tratar-me por Kazuki, espero que estejas pronta. – Nesse momento uma espada aparece na mão esquerda de Kazuki.
Mishi exprime um sorriso, nisto faz um leve gesto com a mão e a mesa o discurso vem contra Kazuki, este, solta a espada que vem a levitar até Mishi que a apanha com uma mão.
-Tenho que ter cuidado com esta mesa. – Diz Kazuki – Desculpa isto. Oh! Ficaste com a minha espada, espero que a saibas usar.
Então Kazuki faz outra aparecer deixando todos os caloiros surpreendidos. Mishi coloca-se em posição de combate. E Kazuki começa a correr. Quando Mishi preparava-se para atacar sente algo a encostar-lhe do lado direito da garganta. Quando olha vê a lâmina da espada de Kazuki.
-Espero que tenhas percebido o porquê de eu não ser um caloiro ou um aluno – Diz o Diretor fazendo a espada desaparecer. Então vira-se para os alunos com um sorriso como se nada tivesse acontecido. – Estão dispensados podem ir. Amanhã começam as aulas.
Então o salão começa a esvaziar-se e a perder os murmurinhos do que tinha acabado de acontecer.