Opa, tinha-me esquecido até que também andava a publicar as memórias aqui.
Isto não está nada assim de tão especial, porque também não faço grnades continuações. Mas para quem gosta de fragmentos, talvez funcione. =D Obrigada a quem comentou!
Segue mais uma memória.
4ª Memória
França!
Título: França!
Género: Geral, Amizade
Dia de Publicação: 1 de Novembro 2008
Temporada: depois de Digimon Adventure Zero Two
Personagem(ns): Taichi x Sora x Yamato
Classificação: K (todas as idades)
Chovia há uma semana, dia após dia. Ultimamente não dava nenhum programa interessante na televisão. Taichi estava farto do Computador, farto da Internet… enfim, estava farto de estar fechado em casa. Na verdade, estava aborrecido porque a sua esperança de passar quinze dias com Agumon foi completamente arruinada por um e-mail de Gennai, sete dias atrás:
"
Caros escolhidos,
Uma onda instável na Digital World tem-me mantido muito ocupado. Desde o incidente com Armageddemon que os ataques têm sido frequentes. Como sabem, os governos estão ansiosos por contacto.
Por favor, não usem os portais sob nenhum pretexto. Não se preocupem. Está tudo bem.
Gennai"- Como assim?! – perguntou Daisuke quase desesperado – Temos usado os D-3's sem nenhum problema e tenho agora de deixar de visitar o V-mon só por causa do Governo?!
Koushiro suspirou com um olhar aborrecido. Aquela reacção fora exactamente como ele previra… e por essa razão, arrependeu-se fortemente de não ter ensaiado uma resposta.
- Foram as instruções do Gennai. Ele nunca nos dá avisos sem um bom motivo – relembrou.
E assim foi, com muita relutância, que o grupo decidiu ficar no mundo real durante aqueles quinze dias de férias.
Eis por que aquele Inverno começava a ser verdadeiramente maçador. Os pais de Taichi estavam em Quioto, aparentemente, detidos no funeral de um familiar. Taichi e a sua irmã tinham decidido ficar em casa. Claro, isso significava que tinham de se virar sozinhos com as refeições. Durante o dia, o mau tempo impedia que o grupo pudesse reunir-se à vontade. Miyako sugerira mais de uma vez que fossem visitar juntos um parque de diversões, quando um nevão decidiu adiar-lhes os planos.
Não eram memórias agradáveis, mas Taichi não podia deixar de pensar nos velhos tempos que viajara pela Digital World ao lado de Agumon, longe dos dias rotineiros como aquele, em que ficava sentado no sofá de manhã até à noite à procura de um filme interessante para ver. Mas não era poupado aos canais com programas absolutamente inúteis. Quando chegou ao último canal e viu o noticiário (falavam de um vendedor de Ramen, que trabalhava naquele ramo desde a era Tokugawa) simplesmente desistiu. Atirou o comando para cima da mesa e respirou fundo. Parecia que não havia salvação que o pudesse salvar daquele inferno.
Levantou-se do sofá com ar amuado e foi à cozinha procurar alguma coisa que se comesse. No frigorífico encontrou um prato com restos do almoço: uma pizza de quatro queijos. Decidiu devorá-la, arrastando os pés preguiçosamente na direcção do sofá, e ponderando que, se continuasse naquele ritmo, ia engordar um bom par de quilos até ao fim do Natal. Não que isso o incomodasse muito, porque tinha ainda os bons e saudáveis treinos de futebol; mas a ideia de passar duas semanas de férias a enfardar comida não lhe parecia apetitosa.
Pouco depois, tocou o telefone no corredor. Rapidamente levantou-se e limpou as mãos às calças, para ir atender a chamada. No corredor, puxou o auscultador com um pedaço de piza na boca e mal olhou para o número do visor quando respondeu:
- Alô, casa dos Yagami…
-
Hikari! Graças a Deus ainda estás em casa! Não te esqueças de avisar o teu irmão para… - a voz eufórica calou-se de repente, e hesitou ao ouvir-lhe a voz –
Espera… Taichi, és tu?!Taichi piscou os olhos; mordeu o pedaço de pizza que tinha na mão.
- Separamo-nos por uma semana e já não reconheces a voz do teu filho?
-
Taichi! O que fazes aí em casa?!Achou a pergunta tão idiota, que mal soube o que dizer.
- Mãe, eu ainda moro aqui...
-
Não fales de boca cheia – retaliou a voz da senhora –
O que quero dizer é: o fazes aí em casa sozinho?Outra pergunta estranha. Se ela estava à espera de encontrar a casa vazia, tinha telefonado para quê? Taichi olhou quase perplexo para o telefone:
- A Hikari saiu e não avisou para onde ia. Mas podes telefonar daqui a pouco se quiseres falar com ela…
-
Taichi, querido! O Yamato-kun e os teus amigos estão à tua espera! A tua irmã está com eles! - ela parecia divertida.
Taichi levantou a cabeça, surpreendido.
-
Taichi, faz as malas e vai-te embora! A Hikari já deve ter feito o mesmo! Hoje à noite vocês vão apanhar o primeiro avião para França!- Mas eu… - calou-se e sentiu os olhos dilatarem quando o seu cérebro descodificou aquelas palavras – O QUÊ?!
-
Adeus! – ela despediu-se rapidamente, reprimindo uma gargalhada –
A tua irmã explica-te o resto! Ah, não te esqueças de desligar o gás, ok? Bye!…e desligou.
Durante pelo menos vinte segundos, Taichi ficou petrificado no meio do corredor, com o telefone nas mãos. Sentiu o queixo cair-lhe ao ouvir o eco da voz da mãe na sua memória: FRANÇA?!
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O grupo explodiu em gargalhadas quando ele acabou de falar. Estavam todos sentados em fila no interior de um avião que dirigia-se naquele momento para França. O entusiasmo era palpável no ar. A voz de Daisuke não se calava algures atrás deles, e ele não parava de exibir todas as palavras em francês que conhecia para Hikari as ouvir (que basicamente consistiam em "Bonjour" e "Ça va bien?").
Taichi revirou os olhos e concentrou-se no empadão de carne que tinha em cima dos joelhos. A hospedeira acabara de o servir e trouxera-lhe um tabuleiro recheado de pequenos pratos, com os menus que escolhera. Os talheres vinham embrulhados em invólucros de plástico e no guardanapo estava escrito em japonês "道中ご無事に", com o furigana "どうちゅうごぶじに" (tenha uma boa viajem).
- Vocês também ficariam em choque se recebessem um telefonema daqueles – continuou a falar para os amigos, algo aborrecido com a reacção deles à sua história. E pelo canto do olho, capturou a imagem da sua irmã a sorrir-lhe com ar inocente – Hikari, já me contaram que a ideia foi tua – apontou o garfo na direcção da irmã, simulando um ataque ameaçador – Por que é que não me avisaste esta manhã?
Hikari riu com satisfação, afastando-se do garfo. Para se defender, segurou-lhe a mão, enquanto levava a colher à boca com a outra. Engoliu um pedaço de pudim.
- Eu queria fazer uma surpresa. A mãe já sabia do convite faz tempo. Não foi culpa minha se ela gostou da ideia – ela piscou um olho a Takeru, que piscou os olhos, embaraçado.
Todos comiam as suas refeições nos seus lugares. No banco da frente, espreitou a cabeça de Koushiro com um ar calmo e satisfeito.
- Mas nunca pensei que pudéssemos ir todos juntos. A Mimi explicou-me que o convite original era destinado só a vocês dois – acenou na direcção de Yamato e Takeru, que anuíram.
- O avô diz que ouviu falar muito dos escolhidos. Quando lhe falei que estávamos aborrecidos em Odaiba fez um escândalo, e disse-me imediatamente para convidar todo o grupo para visitá-lo – explicou Takeru, e por alguma razão trocou um olhar com Yamato; ambos pareciam embaraçados com a atitude excêntrica do avô.
- Vá lá, ele só quis fazer uma boa acção, não foi? – Miyako dirigiu um olhar provocador a Ken, que estava sentado ao lado dela. Ela sorriu com algum rubor no rosto – Paris é a cidade do Amor! Gostava de jantar com o Ken num daqueles restaurantes "trés chique" à luz das velas! – agarrou-se ao braço de Ken com ar sedutor, para grande vergonha do pobre Ichijouji, que se pôr vermelho como um tomate. Daisuke desatou a rir, mas ao ser fulminado pelo olhar de Miyako, calou-se imediatamente e desviou o olhar.
Taichi tivera a oportunidade de conhecer pessoalmente o avô de Yamato e Takeru. O nome dele era Michell, um homem louro com olhos azuis e barba muito bem arranjada. Tinha o perfil máximo de um cavalheiro francês. Era corpulento e tinha um temperamento talvez demasiado extrovertido e alegre para um velho. Mas o senhor tinha (era o mínimo que se podia dizer) "veia de campeão". No Natal de há dois anos ficara profundamente escandalizado e ofendido quando alguns Digimons tinham decidido usar o palácio de Versalhes para uma festa natalícia. Foi o primeiro a precipitar-se o mais rápido possível para expulsá-los do edifício, provando ser um herói nato, um cavalheiro europeu e um defensor da sua pátria.
Bom… para ser sincero, Taichi achava que o velho tinha um parafuso a menos. Mas naquele momento estava-lhe eternamente grato, por o ter salvo da paisagem enfadonha de Odaiba.
Yamato mostrou um sorriso mordaz nos lábios, chamando a atenção geral do grupo. Sem palavras, olhou na direcção de Daisuke. Ele tagarelava agora com uma hospedeira de aspecto jovem, e esta respondia-se gentilmente, esforçando-se por explicar que estava com pressa, mas sem se mostrar indelicada.
Foi quando uma voz zangada guinchou:
- Daisuke! Pára de falar como uma catatua! – exclamou Motomiya Jun. Ela trajava uma roupa bizarra, cheia de confetti, pulseiras de todas as cores do arco-íris e pompons cheios de brilhantes – Tens de me envergonhar todo o santo lugar onde vamos juntos?!
Daisuke ripostou, profundamente ofendido.
- A culpa foi tua se decidiste vir junto! Afinal, quem é que te convidou?!
Yamato ficou vermelho como um pimentão e desviou o olhar sem motivo aparente. Taichi, que estava mesmo ao lado dele, lançou-lhe um olhar suspeito. O resto do grupo estava demasiado ocupado com a discussão dos Motomiya para reparar neles.
- O que é que te deu para trazê-la? – murmurou.
Yamato resmungou com ar carrancudo.
- Não tive alternativa. Ela ouviu-me falar com o irmão e ficou doida quando descobriu.
- A Sora sabe? – Taichi falou sem pensar e arrependeu-se fortemente de ter tocado no assunto, porque o amigo deitou-lhe um olhar assassino. Optou por ficar calado. Algures a seu lado, ouviu Takeru perguntar.
- A propósito… quem lhe pagou o bilhete?
Yamato respondeu a contra gosto.
- O avô – murmurou – Ele insistiu em levarmos quantas miúdas quiséssemos, lembras-te?
Taichi ouviu isto e respirou fundo, olhando pela janela do avião. "Veia francesa" pensou ele. "Agora sei de onde ele tem tanto sucesso com as mulheres". Dirigiu um olhar intenso a Yamato através do reflexo no vidro da janela. Ficou a olhá-lo fixamente durante alguns minutos.
Tinha jurado a si mesmo nunca mais pensar naquele assunto… mas a cada dia que passava, tornava-se cada vez mais difícil. Era inevitável, agora que praticamente todos do grupo estavam no auge da idade e começavam a levantar de uma certa "onda de romance". Até Joe Kido conseguira encontrar um par. Aparentemente, apaixonara-se por uma garota de óculos, que era estudante de enfermagem em Tóquio. A moça era muito tímida – mas era o par perfeito para o escolhido da Sinceridade. Ah, e como é que eles se tinham conhecido mesmo? Sim… foi há dois anos. Joe roubou-lhe a bicicleta durante o incidente de Armagedemon. Foi graças a essa bicicleta que Odaiba foi salva de um Digimon tresloucado e sedento de vingança.
Foi nessa altura… que a relação de amizade entre Taichi e Yamato começou a vacilar para um clima de certa instabilidade.
O motivo?
Nem ele sabia ao certo. É verdade que Sora parecia mais feliz do que nunca, e agia como se mal reparasse nas querelas silenciosas que havia entre ambos. Mas ela suspeitava que alguma coisa de errado havia entre eles…
Oficialmente, Sora era namorada de Yamato, sim… mas Taichi não sabia explicar. Se isso era verdade, por que motivo Sora era tão próxima consigo? O comportamento dela era, talvez, demasiado leviano para seu gosto. Quando o grupo se reunia para ir ao cinema ou comer, tinha o hábito de se agarrar ao braço dele; não ao de Yamato. Quando queria um favor, era consigo que ela falava; não com Yamato. Quando tinha alguma preocupação, era consigo que ela desabafava… não com Yamato…
Claro que estes pormenores não escapavam à atenção observadora e calada de Yamato Ishida. Sinceramente… não podia censurá-lo. Lá no íntimo, sentia-se merecedor daqueles olhares zangados e daqueles comentários cheios de sarcasmo de que algumas vezes era vítima. Esperara que, depois de Sora se declarar ao amigo, a relação entre eles mudasse radicalmente, afastando para longe aquela imagem dos "amigos de infância" que tinham alimentado durante anos. Mas tudo continuava igual, senão mesmo mais intenso. Sabia que, apesar de não se passar nada entre ambos, Yamato suspeitava que aquele grau de intimidade tinha outras interpretações, muito além de pura amizade.
Sinceramente, Taichi não sabia mais o que fazer. Ele, que conhecia Sora há anos, nunca tivera coragem para falar com ela, não é? Parecia bizarro. Enfim, o Escolhido da Coragem podia dar-se ao luxo de ceder ao medo de vez em quando… ou não?
Respirou fundo e fechou os olhos com alguma frustração. Se a situação piorasse, tinha de ter uma conversa bem séria com Sora… mesmo que receasse pela reacção de Yamato. Não estava completamente confiante na melhor atitude a tomar. Conhecia-a demasiado bem e sabia que a relação deles podia piorar, caso Taichi tocasse no assunto da forma errada. Sora era o tipo de pessoa que não gostava de que duvidassem da sua palavra. A ideia de Yamato ter ciúmes dele podia trazer-lhes uns maus momentos.
O avião sobrevoava naquele momento a fronteira da Coreia do Sul. Deviam ser umas duas horas da manhã no Japão. Mas as horas perdiam sentido quando se voava num avião através de vários países. Era o mesmo que recuar no tempo. Portanto, todos mais tarde ou mais cedo deixavam-se adormecer, ou simplesmente mantinham-se acordados a ler ou ouvir música. O único que continuava sem sossegar ou ler fosse o que fosse, era… Joe.
- Algum de vocês tem sacos para vómito?
Sora e os amigos a seu lado olharam para ele com nervosismo (Koushiro afastou-se dele dois centímetros).
- Acho que tenho comprimidos para enjôo – ofereceu ela com um sorriso nervoso.
Mas não teve resposta. Quando mostrou os comprimidos na mão, Joe levantou-se muito depressa. No momento seguinte, todos o viram correr a toda a velocidade pelo corredor na direcção do WC. Fechou a porta atrás de si com estrondo, provocando os olhares espantados de todos os passageiros do avião.
A cabeça de Daisuke espreitou no corredor, e assobiou.
- …ele estava tão aflito?
- Daisuke… Ele foi vomitar – murmurou Ken corado.
- Ah…
101010011001010100101001010101101001010010101010101101010101Nota final:Tinha uma continuação para esta; está um bocado nonsense mas enfim. xDD vou ver se encontro as minhas folhas da faculdade e copio a continuação lá para a 20ª memória ou assim.... (sim, eu escrevia fics nas aulas u.u")