Olá!
Acabo de me cadastrar, e para inaugurar o meu 1º tópico na comunidade, venho partilhar convosco uma das minhas fanfics de digimon.
Esta fic é apenas uma compilação de "pequenos momentos soltos", escritos em homenagem à geração de Digimon Adventure, depois da derrota de BelialVamdemon (Malo Myotismon na versão americana) e Armagedemon (filme 4).
Serve para entretenimento pessoal e não pretende ser nada de rigoroso. Cada capítulo pode estar (ou não) relacionado com capítulos anteriores, ok?
101010011001010100101001010101101001010010101010101101010101
Título: Cartas Perdidas 1 - Memórias do Futuro
Género: Drama, Angst (?)
Dia de Publicação: 11 de Junho 2008
Temporada: Digimon Adventure Zero two
Personagem(ns): Yamato Ishida
Classificação: K (todas as idades)
“O mundo é pequeno… talvez por isso ninguém pense muito nele. Quando eu era mais novo, também não pensava muito nas reviravoltas que o globo pode dar quando não prestamos muita atenção e, sem querer, lhe damos um encontrão...
Foi exactamente o que aconteceu há seis anos. Nessa altura vivíamos em Hikarigaoka. Era eu um miúdo de oito anos que sorria como um idiota e que nunca largava a mão da mãe. Frequentemente testava-lhe a paciência para me comprar doces. Quando ela se recusava, eu resmungava e fazia birra… Mas, de vez em quando, era bem recompensado: quando partilhava os meus doces e brinquedos com o meu irmão mais novo, a mãe apreciava sempre o gesto. E nessas alturas ela dava-me o melhor presente de todos... o sorriso dela. Eu costumava adorar o sorriso da minha mãe. Era eu um rapaz mimado… como o meu irmão.
Assim foi Ishida Yamato.
Mas foi naquele dia, no Verão de Hikarigaoka, que as coisas começaram a mudar. Foi no dia que se seguiu ao ataque terrorista… o pai ficou muito estranho. A mãe começou a chorar e também ficou estranha. Não me lembro da razão – acho que nunca soube – mas os dois começaram a discutir e a situação piorou de dia para dia. Lembro-me do meu pai gritar “Tu sempre o amaste!”. Nessa altura fiquei com medo. Muito medo. A minha mãe parecia estar a gostar de outra pessoa e a nossa família começava a ficar separada. Várias vezes fingi-me de surdo; era sempre eu quem tentava acalmar o choro do Takeru, quando o pai e a mãe gritavam na cozinha. E eu comecei a ter raiva pela minha mãe. Por culpa dela, tudo estava a correr mal. Foi culpa dela, por se ter apaixonado por outra pessoa.
A separação não foi novidade. Deu-se em apenas alguns meses… e foi nessa altura que tive de tomar a decisão mais difícil da minha vida. Eu, Yamato, de oito anos, tive de escolher com quem eu iria viver: com o meu pai, ou com a minha mãe. Foi duro… porque jurei a mim mesmo que nunca mais iria chorar. Já tinha chorado o suficiente quando descobri que ficaríamos separados e que não haveria volta atrás. Nessa altura, por isso, pensei no que seria melhor para o Takeru. Ele era o único inocente no meio de toda a história. De algum modo, eu sentia-me envolvido e culpado, porque cabia a mim a decisão final dos nossos futuros. O meu pai achou que eu tinha esse direito, mas… para mim, foi como se a minha decisão fosse a derradeira confirmação da separação da nossa família. E essa marca de culpa acompanhar-me-ia para o resto da vida. Odiei ter de tomar essa decisão… mas, ao mesmo tempo, não fui capaz de dizer isso aos meus pais. Engoli o nó que sentia na garganta... e, naquela noite, o meu pai já tinha feito as malas. Não tive coragem de dizer “adeus” quando olhei para trás e contemplei os olhos cheios de lágrimas da minha mãe… e o meu irmão olhava-me com ar confuso. Quando me voltei para seguir o meu pai, de mão dada, lembro-me de ouvir perguntar “Mamã… onde vai o Yama? E o papá?”. Essa foi a única vez que vi o meu pai chorar. Mas ele não parou. Nunca entendi porquê; se ele tinha assim tanta vontade de voltar para trás... Mas ele não voltou. A minha última esperança morreu… e fiquei, literalmente, de relações cortadas com ela.
…foi a Digital World… os meus amigos… foram eles que me devolveram a esperança... a esperança de viver uma vida com futuro alegre. Foi graças à Digital World que recuperei a alegria de existir. E foi graças a ele, Taichi, que voltei a deixar o meu coração falar mais alto, abrindo, mais uma vez, espaço para criar laços com as pessoas. Eu era uma concha fechada, com medo de se expor à violência do mundo. Criei uma redoma de gelo... Mas ele… Ele quebrou o gelo que mais ninguém quebrara. Graças a ele… posso agora olhar o mundo com outros olhos. Realmente, agora percebo: para revolver um problema, não nos podemos deixar consumir por ele e deixar que nos afecte e contamine a alma. Para resolver esse problema é preciso, antes de mais, encará-lo de frente. Voltei a chorar… e o meu parceiro chorou comigo naquela caverna. Gabumon.
Foi o primeiro passo para me libertar das correntes da dor. Essas correntes deixaram feridas profundas… mas as cicatrizes não doem. São apenas marcas de chagas que já não existem. Um passado que já passou. O Presente… esse é mais importante agora.
O mais estranho, admito, é que a minha mãe nunca se casou novamente… e pergunto-me, afinal, qual terá sido o verdadeiro motivo da separação. O Takeru contou-me… (ele conta-me agora muitas coisas) a nossa mãe teve vários pretendentes, e ela nunca se interessou por nenhum deles. Sorri e diz sempre que nenhum homem será capaz de substituir o lugar do nosso pai. Amor, realmente, é uma coisa estranha…
Felizmente, agora tenho alguém… alguém capaz de me dar esse estranho sentimento. Alguém capaz de me explicar como funciona o verdadeiro Amor. É verdade que o Presente pode revelar futuros extraordinários, se olharmos para eles.
Sora… obrigado. Obrigado por me salvares das trevas… e obrigado por me devolveres o sorriso de infância. Obrigado por me devolveres o Céu… Agora já não sou larva nem casulo. Agora, sou uma borboleta adulta. E, fora da caverna, iluminado pelo Sol... encherei os meus pulmões de esperança e abrirei as minhas asas cheias de novas cores. Em direcção a ti voarei… voarei… voarei em direcção ao céu… voarei… em direcção ao futuro."
Ishida Yamato
25 de Dezembro de 2003
Acabo de me cadastrar, e para inaugurar o meu 1º tópico na comunidade, venho partilhar convosco uma das minhas fanfics de digimon.
Esta fic é apenas uma compilação de "pequenos momentos soltos", escritos em homenagem à geração de Digimon Adventure, depois da derrota de BelialVamdemon (Malo Myotismon na versão americana) e Armagedemon (filme 4).
Serve para entretenimento pessoal e não pretende ser nada de rigoroso. Cada capítulo pode estar (ou não) relacionado com capítulos anteriores, ok?
101010011001010100101001010101101001010010101010101101010101
30 Memórias Perdidas: Digimon Adventure
by Rayana Wolfer
by Rayana Wolfer
- 1ª Memória ~ Cartas Perdidas 1: Memórias do Futuro
- 2ª Memória ~ Frio como Gelo
- 3ª Memória ~ O Primeiro Silêncio
- 4ª Memória ~ França!
1ª Memória
Cartas Perdidas 1 - Memórias do Futuro
Cartas Perdidas 1 - Memórias do Futuro
Título: Cartas Perdidas 1 - Memórias do Futuro
Género: Drama, Angst (?)
Dia de Publicação: 11 de Junho 2008
Temporada: Digimon Adventure Zero two
Personagem(ns): Yamato Ishida
Classificação: K (todas as idades)
“O mundo é pequeno… talvez por isso ninguém pense muito nele. Quando eu era mais novo, também não pensava muito nas reviravoltas que o globo pode dar quando não prestamos muita atenção e, sem querer, lhe damos um encontrão...
Foi exactamente o que aconteceu há seis anos. Nessa altura vivíamos em Hikarigaoka. Era eu um miúdo de oito anos que sorria como um idiota e que nunca largava a mão da mãe. Frequentemente testava-lhe a paciência para me comprar doces. Quando ela se recusava, eu resmungava e fazia birra… Mas, de vez em quando, era bem recompensado: quando partilhava os meus doces e brinquedos com o meu irmão mais novo, a mãe apreciava sempre o gesto. E nessas alturas ela dava-me o melhor presente de todos... o sorriso dela. Eu costumava adorar o sorriso da minha mãe. Era eu um rapaz mimado… como o meu irmão.
Assim foi Ishida Yamato.
Mas foi naquele dia, no Verão de Hikarigaoka, que as coisas começaram a mudar. Foi no dia que se seguiu ao ataque terrorista… o pai ficou muito estranho. A mãe começou a chorar e também ficou estranha. Não me lembro da razão – acho que nunca soube – mas os dois começaram a discutir e a situação piorou de dia para dia. Lembro-me do meu pai gritar “Tu sempre o amaste!”. Nessa altura fiquei com medo. Muito medo. A minha mãe parecia estar a gostar de outra pessoa e a nossa família começava a ficar separada. Várias vezes fingi-me de surdo; era sempre eu quem tentava acalmar o choro do Takeru, quando o pai e a mãe gritavam na cozinha. E eu comecei a ter raiva pela minha mãe. Por culpa dela, tudo estava a correr mal. Foi culpa dela, por se ter apaixonado por outra pessoa.
A separação não foi novidade. Deu-se em apenas alguns meses… e foi nessa altura que tive de tomar a decisão mais difícil da minha vida. Eu, Yamato, de oito anos, tive de escolher com quem eu iria viver: com o meu pai, ou com a minha mãe. Foi duro… porque jurei a mim mesmo que nunca mais iria chorar. Já tinha chorado o suficiente quando descobri que ficaríamos separados e que não haveria volta atrás. Nessa altura, por isso, pensei no que seria melhor para o Takeru. Ele era o único inocente no meio de toda a história. De algum modo, eu sentia-me envolvido e culpado, porque cabia a mim a decisão final dos nossos futuros. O meu pai achou que eu tinha esse direito, mas… para mim, foi como se a minha decisão fosse a derradeira confirmação da separação da nossa família. E essa marca de culpa acompanhar-me-ia para o resto da vida. Odiei ter de tomar essa decisão… mas, ao mesmo tempo, não fui capaz de dizer isso aos meus pais. Engoli o nó que sentia na garganta... e, naquela noite, o meu pai já tinha feito as malas. Não tive coragem de dizer “adeus” quando olhei para trás e contemplei os olhos cheios de lágrimas da minha mãe… e o meu irmão olhava-me com ar confuso. Quando me voltei para seguir o meu pai, de mão dada, lembro-me de ouvir perguntar “Mamã… onde vai o Yama? E o papá?”. Essa foi a única vez que vi o meu pai chorar. Mas ele não parou. Nunca entendi porquê; se ele tinha assim tanta vontade de voltar para trás... Mas ele não voltou. A minha última esperança morreu… e fiquei, literalmente, de relações cortadas com ela.
…foi a Digital World… os meus amigos… foram eles que me devolveram a esperança... a esperança de viver uma vida com futuro alegre. Foi graças à Digital World que recuperei a alegria de existir. E foi graças a ele, Taichi, que voltei a deixar o meu coração falar mais alto, abrindo, mais uma vez, espaço para criar laços com as pessoas. Eu era uma concha fechada, com medo de se expor à violência do mundo. Criei uma redoma de gelo... Mas ele… Ele quebrou o gelo que mais ninguém quebrara. Graças a ele… posso agora olhar o mundo com outros olhos. Realmente, agora percebo: para revolver um problema, não nos podemos deixar consumir por ele e deixar que nos afecte e contamine a alma. Para resolver esse problema é preciso, antes de mais, encará-lo de frente. Voltei a chorar… e o meu parceiro chorou comigo naquela caverna. Gabumon.
Foi o primeiro passo para me libertar das correntes da dor. Essas correntes deixaram feridas profundas… mas as cicatrizes não doem. São apenas marcas de chagas que já não existem. Um passado que já passou. O Presente… esse é mais importante agora.
O mais estranho, admito, é que a minha mãe nunca se casou novamente… e pergunto-me, afinal, qual terá sido o verdadeiro motivo da separação. O Takeru contou-me… (ele conta-me agora muitas coisas) a nossa mãe teve vários pretendentes, e ela nunca se interessou por nenhum deles. Sorri e diz sempre que nenhum homem será capaz de substituir o lugar do nosso pai. Amor, realmente, é uma coisa estranha…
Felizmente, agora tenho alguém… alguém capaz de me dar esse estranho sentimento. Alguém capaz de me explicar como funciona o verdadeiro Amor. É verdade que o Presente pode revelar futuros extraordinários, se olharmos para eles.
Sora… obrigado. Obrigado por me salvares das trevas… e obrigado por me devolveres o sorriso de infância. Obrigado por me devolveres o Céu… Agora já não sou larva nem casulo. Agora, sou uma borboleta adulta. E, fora da caverna, iluminado pelo Sol... encherei os meus pulmões de esperança e abrirei as minhas asas cheias de novas cores. Em direcção a ti voarei… voarei… voarei em direcção ao céu… voarei… em direcção ao futuro."
Ishida Yamato
25 de Dezembro de 2003
Última edição por Rayana_Wolfer em Qua Jun 29, 2011 6:16 pm, editado 2 vez(es)