Capítulo 1 (part 9) - A árvore cruel da aldeia maldosaO desempenho do meu cérebro diminuiu muito ou naquele lugar tudo acontece a uma velocidade vertiginosa. Talvez ambos, na verdade.
A única coisa de que me consegui aperceber foi um repentino flash de luz, algo vermelho, que me cegou. O incrível é que luz tem cheiro, cheiro a mau presságio.
Todas as pequenas criaturas daquela zona deixaram os seus insignificantes corpos dissiparem-se no ar ao ouvirem aquele poderoso ruído que ricocheteava nas árvores da floresta especialmente para me atormentar. Desejei com todas as minhas forças ser uma das pequenas criaturas, afinal, sempre que conseguia algo de bom, transformavam-no numa faca e cravavam-na no meu peito.
Jennifer sentia dor alguma, e Sangloupmon rugia, rugia como se amanhã não existisse - Porra, se aquilo continuasse, não só petrificado eu ficaria mas também surdo.
-Ha... Hakase... - balbuciei, assim que os meus maxilares me deixaram.
-Hmm? Ah, sim. Jennifer acaba de libertar o X-Antibody, ou Anticorpo Ex, dentro de Sangloupmon. A origem deste anticorpo é antiga e a sua história não é menos comprida do que a sua idade, essencialmente, o X-Antibody dá aos Digimons maior poder sem ser necessário uma evolução...
Sangloupmon não deixou Agumon continuar, percepitou-se sobre mim e deu-me um encontrão, mas só me dei conta disso quando as minhas costas estavam a tocar uma árvore a metros de distância e a dor era tão intensa que não me deixava se quer gritar. Os meus órgãos internos lutavam uns contra os outros, a tentar encontrar de novo o lugar certo e os meus membros debatiam-se para não se separarem do meu tronco. O ar à minha volta pesava toneladas. A minha mente esbranquiçava.
O que os meus olhos molhados já só conseguiam destingir uma sombra branca e uma azul à minha frente, a chocar uma contra a outra. A sombra branca foi também atirada contra uma árvore. O peso do ar triplicou. Se não estava errado, a criatura branca era agora saco de pancada da muito maior criatura azul ou roxa. Quando mais me esforçava para ver menos eu via.
Senti algo fofo no meu pescoço, seria Pafumon?
Algo duro e pesado foi atirado ao meu crânio. Agora só via vermelho. Tudo à minha volta era vermelho e eu sentia algo a escorrer-me pelo corpo à minha volta.
A minha mente estava a esvaziar-se lentamente. Em segundos, fiquei surdo.
tunt tunt
De repente, a surdez deu lugar a um turbilhão de sons.
tunt tunt
Eu reconheço o som. A dor também desapareceu.
tunt tunt
A uma velocidade alucinante, tudo à minha volta desapareceu. Só estava eu, estava em paz, nem um pingo de dor, nem uma cicatriz de dor, nem um traço de pânico. Estava a flutuar no nada. Teria eu desmaiado?
Era tudo branco. Era, era lindo. Onde estava eu?
tunt tunt
O suave bater de coração, aparentemente coordenado com o meu, voltou a fazer-se soar. Como levei tanto tempo a perceber o que aquilo era?
Eu sentia-me bem. Havia perdido a noção do tempo, poderia estar ali há horas ou há apenas segundos.
Não sabendo como, dei meia volta e vi o meu telemóvel, que também flutuava, ao nível da minha cabeça, com o telemóvel do meu irmão, que não estava a mais de 5 centímetros deste primeiro.
Sentia-me estranho, mas bem.
Estiquei os braços para alcançar os telemóveis, mas, ao meu toque, estes afastaram-se de mim e começaram a rodar sobre si mesmo lentamente.
Um corpo apareceu à minha frente, do outro lado dos telemóveis. Parecia um humano, mas não conseguia destingir o sexo. Na verdade nem tinha a certeza se era realmente um humano. Os telemóveis começaram girar mais depressa.
Entre mim e o outro personagem, ligeiramente para a esquerda, apareceu outro personagem humanoide e voltou a aparecer outra figura, em frente à recém aparecida. Não conseguia identificar ninguém.
Os telemóveis giravam à minha frente de uma forma que eu já não os conseguia enxergar, via apenas uma faixa preta.
Uma esfera de luz foi lançada, a partir dos aparelhos moveis, até à infinidade. Quando esta passou pelos corpos eles ganharam forma, todos menos o que estava à minha esquerda.
À minha frente estava uma pessoa exactamente igual a mim. Não consegui tirar os olhos dele.
-NAOOOOOOOOOOOOOOOOOOI! - Gritei até a minha garganta doer. Gritei de novo. E de novo. Mas não obtinha resposta.
Naoi esticou o braço na minha direcção e assim Sorcerymon, que estava à minha esquerda, o fez. A figura que estava à frente de Sorcerymon também, apesar de irreconhecível, também o fez. Exitante, levantei o braço lentamente, e apontei-o a Naoi e aos telemóveis.
Os telemóveis afastaram-se um do outro e chocaram, provocando uma luz quente e intensa. Fiquei cego, e quando voltei a ver, estava de novo na floresta. Sanlgoupmon e Jennifer pareciam desorientados.
Sem saber bem porque, agarrei no meu telemóvel. Procurei nos bolsos, só estava lá o meu, o do meu irmão tinha desaparecido. O que se estava a passar?
Os telemóveis chocaram um contra outro... A outra figura irreconhecível... Será? De certa forma tudo começou a fazer sentido na minha cabeça. Talvez estivesse a alucinar, talvez não.
Empunhei o telemóvel com força e apontei-o para Candlemon.
-CANDLEMON! - Gritei. Candlemon estava confuso.
CANDLEMON...
...para WIZARDMON! WIZARDMON |
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Seijukuki |
Wizardmon é um ágil praticante de magia. O seu ataque, Thunder Cloud, cria um relâmpago miniatura que provoca grande dano ao adversário. |
Eu estava certo! Wizardmon, o recém-evoluído Candlemon, fitou-me com determinação e eu acenei-lhe, como uma afirmação. Este pulou, agarrou em Sorcerymon e tirou-o da linha de fogo de Sangloupmon. Sorcerymon e Wizardmon fitaram-se, da cabeça aos pés, Sangloupmon e Jennifer estavam confusos.
De certo que Sangloupmon estava mais poderoso, maior, mais feroz e ainda me provocava medo, mas nós tínhamos a vantagem numérica.
Enquanto tentava pensar em alguma estratégia, os dois feiticeiros saltavam de um lado para o outro, troçando do digimon lobo.
Sangloupmon percebeu e num movimento repentino, virou-se para mim, e com as patas traseiras, impulsionou o corpo com força. Enquanto tentava decidir se fugia ou fechava os olhos e esperava o melhor, Sorcerymon e Wizardmon atacaram-no com grande violência e ele voou vários metros para o lado. Os olhos dele ferviam de raiva.
-Sangloupmon, acalma-te! - gritou Jennifer, desesperada.
Sangloupmon arrefeceu o sangue. E lançou um rosnido em direcção dos magos. Um arrepio percorreu as minhas costas.
-
Black Mind! - Sangloupmon dissipou-se numa sombra no chão que se dirigiu a Sorcerymon, mas, antes de este se poder apoderar do seu digicore, Sorcerymon pulou para o ramo de uma árvore.
-
Sticker Blade! - Sangloupmon eriçou os espinhos metálicos e disparou-os contra Wizardmon.
-
Thunder Cloud! - Das mãos de Wizardmon saíram várias descargas de energia electricamente que usaram os espinhos de Sangloupmon, que ainda estavam no ar, para viajar em direcção à besta. Ao ser atingido pelos raios, este gritou de dor.
Decidi intervir na luta. - Wizardmon,
Terror Illusion! - Wizardmon disparou algo roxo do bastão, que atingiu Sangloupmon, o cegou e o fez entrar em pânico. Sangloupmon gritava. Wizardmon continuava a segregar aquilo do bastão. - Sorcerymon, prepara
Crystal Cloud! - Sorcerymon assim fez, criou pedras de gelo enorme e afiadíssimas e apontou-as ao Sangloupmon.
-Jennifer, se te fores embora e levares o Sangloupmon contigo - que por sinal, debatia-se em vão e rosnava de dor - eu deixo-te fugir. Caso contrario, Sorcerymon pulveriza Sangloupmon.
Jennifer rangiu os dentes e aceitou.
-Ah, e não tentes enganar-nos, ou o Wizardmon derrete o cérebro ao Sangloupmon.
Jennifer montou Sangloupmon, Wizardmon quebrou o feitiço, e estes saíram de cena, a uma grande velocidade. Pafumon rodava, alegremente à minha volta, com uma expressão de felicidade.
Os joelhos fraquejaram-me e caí no chão. Estava exausto.
/Narrado por Hinata - O que será que acontece agora?/