Capítulo 001 - Blackout
Estava tudo escuro, as trevas dominavam completamente o local. Raios de cor púrpura eram possíveis de serem vistos entre as nuvens negras que pairavam sobre o céu. Além de Hideyoshi Daichi, não havia nenhum outro humano no local.
O barulho dos trovões era muito intenso, chegando a fazer a terra tremer muito. Até que uma figura apareceu, iluminando levemente onde passava. Ela tinha a forma de um anjo, suas belas asas eram as suas maiores características. Em seu corpo havia uma espécie de tatuagem roxa, seus cabelos dourados balançavam com o vento e seus olhos permaneciam sérios.
Até que um raio acertou o anjo nas costas e metade de suas asas se tornaram asas de demônio. Sua aparência estava mais adulta e vulgar, até que viu o anjo descendo em alta velocidade com uma lança em sua direção.
O rapaz tentou gritar, mas não conseguia. Era como tivesse perdido a voz. Até que viu uma luz em sua mão e nela um aparelho. O anjo caído não conseguia se aproximar daquela luz, já não era mais puro e aquela luz o matava. Uma grande explosão aconteceu, engolindo o garoto e o demônio. Tudo havia sumido.
- Daichi, acorde! – Gritava uma voz, fazendo o garoto recuperar sua consciência. Não havia trevas, nem demônios. Ele estava em seu quarto e a voz que chamava por seu nome era a de seu avô. – Você está atrasado para escola!
Com um salto o garoto saiu da cama e desceu as escadas, pegando uma torrada e bebendo de uma vez só um copo de leite. Após subir e tomar um bom banho enquanto escovava os dentes, ele vestia o uniforme escolar. Antes de sair ele pegou um par de Goggles, que ficava em cima de seu criado-mudo, próximo à sua cama.
Hideyoshi Daichi tinha cabelos pretos e olhos azuis como o mar. Ele morava com sua mãe e seu avô, tendo mais contato com o velho. Sua mãe trabalhava o tempo todo, só chegando em casa de madrugada. Só nos finais de semana podiam passar um curto tempo juntos.
Após botar seu par de Goggles em sua cabeça, o garoto pegou sua mochila e abriu a porta e saiu de casa, correndo apressado em direção à escola, que ficava a dois quarteirões. Ele fitou seu relógio de pulso e viu que já era 07:10h. Nervoso, apressou o passo, chegando na escola cinco minutos depois.
Daichi subiu as escadas e chegou à sala 9-A, era o seu último ano do ensino fundamental. Por isso sempre dizia que iria aproveitar ao máximo o seu último ano. Após abrir a porta viu a maior parte dos alunos bagunçando. Para a sua sorte, o professor ainda não havia chegado.
- Hey, Daichi! – Ouviu uma voz conhecida, logo viu um garoto sentado parte superior da cadeira da penúltima fileira. Era Fujisaki Hikaru, seu melhor amigo.
Hikaru tinha cabelos castanhos curtos e olhos da mesma cor, assim como os outros, vestia o uniforme escolar japonês: Uma calça social e uma jaqueta preta por cima de uma camisa branca social. Ambos se conheciam desde o primeiro ano do colégio primário.
- Ah. Oi, Hikaru. – Daichi cumprimentou, sentando em uma cadeira ao lado da de seu amigo. – Cara, que sorte. O professor está doente de novo?
- Tomara que esteja, assim podemos conversar mais e jogar videogame. Você viu o novo MMORPG que saiu? O Diablo?
- Cara, isso já é velho. Mas é um game muito viciante, eu parei com ele porque é preciso pagar e é meio caro.
- É verdade... Entre um arqueiro, um mago e um guerreiro, qual você escolheria?
Aquele tipo de conversa se repetia quase todos os dias, Daichi era bem popular, pois jogava na seleção do time futebol da escola. Mas nunca gostou de formar grupos, pois sempre acabava excluindo alguma pessoa. Por causa disso, nunca teve muitos amigos. Hikaru era o seu melhor amigo, pois dividiam os mesmos gostos, além de ser uma boa pessoa.
A porta novamente se abriu e uma garota entrou, ela tinha cabelos ruivos e olhos verdes acinzentados. Era outra amiga de infância, Takara Sayuri. Vendo que não havia mais nenhuma carteira próxima aos alunos populares, sentou em uma cadeira em frente à do garoto dos Goggles.
- Hey, Sayuri. – Chamou Hikaru. – Você fez a lição de inglês?
- Sim. E não vou te emprestar. – Respondeu a garota, seca. – Já deve ser a milésima vez que te empresto a lição de casa! Você precisa começar a ser responsável, ou vai reprovar!
- Por favor! Só desta vez! Você fez, Daichi?
- Vou fazer em cima da hora.
No momento em que a garota tirou uma pasta branca de sua mochila e a colocou em sua carteira, Hikaru pegou-a rapidamente, pegando um caderno e um lápis e seu caderno logo em seguida para copiar a atividade.
- Ei, eu já disse que não vou te emprestar! – Gritou Sayuri, enquanto brigava com o garoto, puxando sua pasta.
- Por favor! Eu preciso passar em inglês!
- Hikaru, larga de ser idiota! – Gritou Daichi, se levantando e dando um poderoso cascudo na cabeça de seu amigo, o derrubando.
Mas sua ação havia se tornado um problema: No momento em que o moreno caiu a pasta voou rapidamente em direção a porta, e para o azar dos três, o professor havia aberto a porta.
A pasta branca acertara seu rosto enrugado, deixando-o vermelho. Mas ele não estava vermelho apenas com a pancada, mas de raiva também.
- Takara! Fujisaki! Hideyoshi! Vão para a diretoria!
Obedecendo à ordem do velho, os três pegaram a pasta e saíram da sala. A turma inteira ficou calada, talvez por medo do professor. Mas os três sabiam que seriam alvo de chacota depois que voltassem da sala da direção.
- Isso é tudo culpa sua! Hikaru idiota! – Gritou Sayuri, batendo no garoto de cabelos castanhos.
- Você tinha mesmo que pegar a pasta? Cara, você é mais retardado do que eu pensei. – Disse Daichi, cínico.
- Eu nunca fui chamada atenção! Agora vou ficar de castigo por sua causa! – Continuou a garota, enquanto os três andavam.
- Pare de me bater! – Gritou Hikaru, se esquivando do último ataque da garota. – A diretoria só vai chamar a nossa atenção! Eu e Daichi já fizemos coisa pior e nem levamos suspensão!
Ao ouvir aquilo, a garota se acalmou um pouco. Os três subiram as escadas até que chegaram ao último andar da escola, a sala da direção era a última do corredor. Enquanto andavam, Daichi notava que as nuvens no céu ficavam cada vez mais escuras. Viu faíscas azuis saírem entre os fios de um poste que ficava próximo à escola.
Sayuri abriu a porta da diretoria e os três entraram, na mesma havia uma grande mesa e uma cadeira de couro preto. O diretor era velho, tinha cabelos grisalhos e olhos castanhos.
- Hã, senhor diretor. – Disse Sayuri. – Amano-sensei nos mandou para cá.
- Ah, Daichi e Hikaru. Suas pestes. – Disse o diretor, virando sua cadeira. – O que fizeram dessa vez? E porque Takara-san está com vocês?
- Ela também é culpada! – Disse Hikaru, apontando para a garota, logo levando um chute dos outros dois.
Sayuri explicou o que havia acontecido e o diretor olhou para os dois garotos como se eles tivessem sido gerados pelo diabo. Não era a primeira vez que eles iam para a sala da direção, por isso já estavam bastante acostumados com aquilo. Mas a garota estava nervosa e com medo de pegar uma punição pesada.
- Certo. Voltem para a sala e peçam desculpas ao professor. Vocês só pegarão uma detenção. – Disse o diretor, surpreendendo a todos. – Agradeçam por eu não gostar de punir meninas, pirralhos.
Os três agradeceram e saíram da sala, porém, os dois amigos abriram a porta novamente e mostraram a língua ao diretor, logo rindo e correndo em direção às escadas.
Após voltarem ao segundo andar, os três entraram na sala e pediram desculpas ao professor, logo sentando em seus respectivos lugares e ouvindo a aula. O garoto dos Goggles olhava a janela, nunca gostara das aulas de inglês. Por isso, apenas olhava as nuvens negras no céu, se tornando cada vez maiores.
As aulas se passaram devagar, até que finalmente acabaram. O trio estava na sala, a limpando. Já era por volta das 17:00h.
- Droga, perdi o treino de futebol. – Disse Daichi, limpando o chão com uma vassoura.
- E eu perdi a reunião do clube de música clássica. – Reclamou Sayuri, fechando as janelas.
- Ah, parem de reclamar! Olhem o lado bom!
- Que lado bom?
- A sala vai ficar limpinha!
Os dois correram atrás do garoto de cabelos castanhos e bateram nele, que tentou fugir enquanto ria da cara dos dois. Sayuri sempre foi uma das melhores alunas desde o primário e assim como os dois garotos, não tinha muitos amigos. Talvez por sua grande dedicação aos estudos. Mas considerava aqueles dois como seus melhores amigos. Algumas pessoas achavam estranho uma garota tão bonita andar com garotos, ainda mais com fama de encrenqueiros como aqueles. Mas ela não se importava.
Ouviu-se um trovão alto e começou a chover bastante. Era óbvio que com nuvens negras crescendo rapidamente durante a tarde que iria cair uma baita tempestade.
- Pronto, não vou limpar toda a sala. – Disse Daichi, deixando sua vassoura encostada na parede. – Vou pra casa jogar videogame, vocês querem ir?
- Sim! Você já comprou o novo Final Fantasy? – Perguntou Hikaru, animado.
- Sim. Vamos antes que percebam que saímos. Você vem, Sayuri?
- Claro. Se vocês saíssem sem me levar eu ia falar para o diretor.
Mais raios caíram, agora com mais intensidade e velocidade. No momento em que haviam pegado suas mochilas, tudo ficou escuro.
Todas as luzes haviam apagado e houve uma enorme tempestade de raios, causando um Blackout em toda a cidade. Até que um raio atravessou todo o prédio, caindo na sala onde os três estavam e fazendo um enorme buraco na frente do trio, assustando o trio.
Como areia movediça, uma espécie de buraco negro sugou os três estudantes.
~~Digital World – Paradise Town~~
Daichi encontrava-se sentado na grama verde clara. Seus olhos estava fechados com força, seus Goggles estavam próximos ao seu peito. Um leve vento passava pelo local, balançando seus cabelos negros.
- Ei, você está bem?
O garoto esperava que aquela voz fosse de Hikaru, mas não a reconheceu. Lentamente, abriu seus olhos e se levantou devagar. Sua visão estava bastante embaçada, mas após esfregar bastante as suas mãos nos seus olhos, ela voltou ao normal.
- Nossa... Como diabos chegamos aqui, hein, Hikaru? – Perguntou o garoto, mas quando viu com quem estava falando deu um grito. Se afastando rapidamente.
A criatura possuía a aparência humanoide, possuía uma coloração azul celeste em praticamente todo o seu corpo, menos na região de sua barriga e na de seu focinho. Seus olhos vermelhos eram as suas maiores características.
To Be Continued